sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

"O que há em mim que alimenta o meu cansaço?"

Atrever-me-ia a dizer que a maior parte das pessoas não sofre do cansaço proveniente de um dia atarefado e cheio de actividades. Não são poucas as pessoas que começam o dia bem cedo, têm filhos, trabalhos exigentes, cuidam das tarefas domésticas e ainda têm tempo para actividades desportivas ou de lazer. É impressionante, mas dificilmente essas são as pessoas que se vão queixar de uma espécie de cansaço crónico e constante. Dificilmente serão essas pessoas que se vão queixar de acordar de manhã já com uma certa sensação de falta de energia. Como se as coisas que têm para fazer nesse dia, começassem desde logo a esmagá-las.

Do que me é possível perceber, as pessoas mais cansadas, são, na realidade, as pessoas que se confrontam diariamente com tarefas emocionais. E que, diariamente, se confrontam com um desejo de mudança que não se concretiza. O que nos cansa verdadeiramente? O desejo de que algo em nós e na nossa vida mude, quando em simultâneo, acreditamos que isso não vai acontecer.

Alguns dos maiores sugadores de energia nas nossas vidas são:
- Acreditar que temos pouco poder sobre as coisas que acontecem na nossa vida;
- Acreditar que deveríamos ser melhores e fazer melhor do que o que fazemos. A exigência excessiva, rígida e desmesurada é um aspirador gigante de energia (seja auto-dirigida ou dirigida a outros);
- Travar lutas no exterior que pertencem ao interior. Isto acontece quando negamos o nosso estado emocional e o projectamos nos acontecimentos à nossa volta (p. e. quando saio de casa zangada e culpo o trânsito, a antipatia das pessoas, os buracos na rua pela causa do meu mal estar. Ou se estou deprimida e digo que é o frio, a chuva ou os meus colegas que nem notaram que cheguei ao trabalho);
- Estados emocionais como a tristeza, zanga, raiva, ressentimento, também são "bons" sugadores de energia;
- A falta de recursos como a assertividade, capacidade de pedir ajuda, definição de metas, auto-estima e gratidão;
- Querer cumprir as expectativas que os outros têm relativamente a nós ou dar demasiada importância ao que os outros pensam.

Tirando todos estes factores, é importante percebermos porque é que algumas pessoas parecem manter-se em estado de desorganização permanente. Não se esqueça que, simplificar a vida é aproximar-se de si mesmo(a). Será que está preparado(a) para isso? Quer verdadeiramente abrir esse espaço?

Em suma, nós alimentamos o cansaço e o cansaço alimenta-se a si mesmo quando nos recusamos a olhar para aquilo que verdadeiramente está na sua origem. Não vale a pena combater as limitações que encontramos no exterior se não ultrapassarmos primeiro as nossas próprias limitações. Se queremos ultrapassar o cansaço, de uma vez por todas, então temos que o reconhecer como sendo fundamentalmente de origem emocional. E, é aí, nas emoções que o mesmo se trabalha e ultrapassa. 

2 comentários:

  1. Gostei bastante deste artigo pois é bastante elucidativo, e este cansaço é-me bastante familiar. Grata pelo esclarecimento

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    1. Grata pelas suas palavras Cláudia. A coragem de olharmos para as coisas como elas são é o primeiro passo. O segundo, é aceitar que podemos escolher coisas diferentes para nós. Abraço,

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