quinta-feira, 9 de outubro de 2014

"Stresso Logo Existo" - Reflexão Sobre o Stress Familiar


O Stress costuma ser visto como um dos grandes "papões" do século XXI e, na grande maioria das vezes, as pessoas acreditam que têm de se ver livres dele. Na realidade, o stress é um mecanismo psicofisiológico, que de base, é necessário à vida humana. A reacção de stress desencadeia-se sempre que somos confrontados com uma situação perante a qual precisamos de reagir, e se quiserem saber a minha opinião, esse processo é constante. Não existe um dia na vida em que não tenhamos que reagir a alguma coisa, de uma forma ou de outra. Onde está o mal então?

Vamos imaginar a seguinte situação. Estou a passear numa savana (vai-se lá saber porquê!) e deparo-me com um leão. Imediatamente o meu organismo reage e prepara-se para "lutar ou fugir". De repente, lá estou eu a correr que nem uma gazela e a trepar uma árvore com a agilidade de um macaco. Como é que eu consegui fazer isso? O stress desencadeou no meu organismo um conjunto de reacções complexas, que ainda que temporariamente, me deram uma espécie de "super-poderes". Num cenário ideal, o leão vai-se embora e o stress salvou a minha vida. Claramente, esta é uma situação de stress benigno.

Agora, vamos imaginar que sempre que desço da árvore, o leão volta a aparecer e eu tenho que voltar a subir. Isso, vezes e vezes sem conta. Todas as reacções fisiológicas que inicialmente me salvaram (p. ex. aumento do ritmo cardíaco, respiração rápida e superficial, alterações na produção de hormonas), vão agora começar a desgastar o meu organismo. Quanto mais a situação se prolongar no tempo, maior o desgaste. E eu pergunto-vos, o que é que me está a passar pela cabeça de cada vez que subo à árvore? A única coisa que consigo dizer a mim mesma é que "eu não sou capaz de ultrapassar esta situação. Estou encurralada e não existe uma solução".

Vamos continuar no domínio da imaginação e pensar agora no seguinte cenário: Estou no meu quarto e percebo que está uma barata à porta. É a única saída daquele espaço. E, de repente, a barata vê-me e começa a olha-me fixamente com um ar ameaçador. O que é que me passa pela cabeça? A única coisa que consigo dizer a mim mesma é que "eu não sou capaz de ultrapassar esta situação. Estou encurralada e não existe uma solução".  Acreditem, ficaria ali, sentada num canto do quarto à espera de socorro, paralisada, porque a minha cabeça me diz que não há nada que possa fazer. Exactamente como se de um leão se tratasse (talvez com um pouco menos de desespero, apenas).

Estes dois últimos exemplos, representam situações de quando o stress se torna maligno, atingindo-nos física, psicológica e emocionalmente. E o que os torna comuns, é que independentemente de ser real ou não, achamos que não existe uma saída para aquela situação. Pelo menos não uma que passe pelas nossas mãos ou como eu costumo dizer, pela nossa "área de poder".

Nestes casos, os mecanismos fisiológicos e psicológicos do stress mantêm-se para além do confronto inicial, provocando agora um desgaste generalizado. Se estivermos permanentemente neste estado, as consequências a longo prazo são gravíssimas, e podem ir da doença física à doença mental. O que liga as diferentes realidades, é sem dúvida a percepção que fazemos do que acontece nas nossas vidas. Pessoas diferentes vão viver uma mesma situação de formas completamente diferentes, e com níveis de stress igualmente diferentes. Decididamente, hoje sabe-se que a chave para gerir o stress (do século XXI), está em ultrapassar determinadas crenças e pensamentos que temos enraizados em nós.

Transpor este conhecimento para a vida em família, dá que pensar. Ora vejamos... surge a gravidez e com ela, o entusiasmo e os receios.  Depois vem o bebé, e descobrimos que chora, é exigente e nos dá noites difíceis. Passo a passo, vamos reagindo com o stress necessário a uma boa adaptação. O stress (positivo) ajuda-nos a reagir numa fase inicial, dando aos pais uma energia que não sabiam ter. Passam um mês, dois meses, três meses de noites mal dormidas. Acrescentam-se as doenças, as birras, as exigências, o trabalho...  Ainda respira? Então acrescente-lhe mais:
Stress na hora do banho...
Stress para sair de casa...
Stress ao jantar...
Stress porque sim...
E depois, não esquecer que na família há a soma de "todos os stresses" (mãe, pai, filho ou filhos em stress). Quantas vezes no nosso íntimo pensamos "eu não sou capaz de ultrapassar esta situação. Estou encurralada e não existe uma solução".

Não se sente no canto do quarto à espera que alguma coisa mude. Acredite que na maior parte das vezes, o que lhe está a provocar o stress não tem a ferocidade de um leão. A forma como pensamos a vida, isso sim, esmaga-nos com pensamentos de insegurança, impotência, culpa e desespero!

Anda stressado/a?! O que acha que deve começar a mudar em si?
Tente! Você é capaz!

Abraço,

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