quarta-feira, 24 de setembro de 2014

"Não Quero ir para a Escola!"

E depois dos sorrisos e mimos matinais, começam os zangados "não quero ir para a escola!", "não quero brincar com os amigos!" e "não quero ir pintar!". Sorrio e com carinho traduzo as suas palavras dizendo "eu sei que é muito saboroso estar em casa com a mamã e com o papá. Eu também gosto muito quando brincamos juntas. Mas agora é hora de tu, o papá e a mamã trabalharem. Tenho a certeza de que te vais divertir muito! Quando voltares da escola brincamos novamente juntas". É tão bom ver o olhar confuso da minha filhota como quem pensa "não foi isso que eu disse... mas foi isso que eu senti!". E lá segue ela, feliz e contente, para a escola que ela adora de paixão!

Por vezes, os pais tendem a interpretar o que ouvem dos filhos apenas pelo que dizem as suas palavras. No entanto, é o seu sentir que tenta revelar-se e libertar-se da forma como pode. Nem a própria criança consegue entender o que sente. Assim, um dos papeis dos pais passa por ajudar nesse processo, "traduzindo" e separando as diferentes dimensões do que está a ser dito.

A A. adora a escola, é um facto. Mas também adora estar em casa com os pais, e é muito difícil para ela e todas as crianças pequenas conviverem com essas ambivalências. Ajudá-las a compreender, ajuda-as a sentirem-se mais confortáveis e serenas. Mas, principalmente, ajuda-as a separar as coisas. Não é por querer prolongar um momento, que não gostamos do momento a seguir. E em crianças pequenas como a A. (2 anos) o momento é só o que existe. Finalizar com um "quando voltares da escola vamos brincar novamente juntas" ajuda-a a desenvolver gradualmente a consciência do "depois".

Abraço,
Ana Guilhas

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